O MURO CAIADO
vejo o branco que arde aos olhos e me leva a um outro tempo
de mim.
um tempo em que a vida era apenas a sequencia de um dia após
o outro,
não havia mistério nem angustias desnecessárias, apenas
viver.
o tempo do puro branco passou sem eu ter notado,
tornei-me outro dentro de mim, mas o branco não mudou... meu
olhar é que tornou-se outro.
há me fosse dada a graça de ser o olhar de antes, quando o
branco da parede caiada exposto ao sol me ardia os olhos.
há fosse eu o mesmo menino que um dia viu o muro caiado a
lhe arder os olhos,
mas o tempo tornou meu olhar mais duro, a cal do muro,
desbotou.
Ricardo Rossi São
Caetano do sul 27/06/2014 22:14h