sexta-feira, 27 de junho de 2014

O MURO CAIADO

vejo o branco que arde aos olhos e me leva a um outro tempo de mim.
um tempo em que a vida era apenas a sequencia de um dia após o outro,
não havia mistério nem angustias desnecessárias, apenas viver.
o tempo do puro branco passou sem eu ter notado,
tornei-me outro dentro de mim, mas o branco não mudou... meu olhar é que tornou-se outro.
há me fosse dada a graça de ser o olhar de antes, quando o branco da parede caiada exposto ao sol me ardia os olhos.
há fosse eu o mesmo menino que um dia viu o muro caiado a lhe arder os olhos,
mas o tempo tornou meu olhar mais duro, a cal do muro, desbotou.


Ricardo Rossi   São Caetano do sul  27/06/2014  22:14h