segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Um breve lampejo interior ( RICARDO ROSSI )


Vejo hoje o amanhecer como uma obrigação do sol, uma obrigação da terra que gira em torno de si sem saber porque, ou com toda a sabedoria, gira.
Acordo abrindo os olhos com vontade de iniciar um novo sono,
e giro em torno de mim sem saber porque, ou com toda sabedoria.
E já não sei se tenho algum conhecimento, ou se de tanto conhecimento ter,
já desprezo conhecer outros.
Me seria melhor viver sem desejo, viver apenas por viver...sem com nada importar.
O mundo todo esta diante de mim... mas não desejo o mundo todo,
queria apenas um pequeno sentir, um breve lampejo interior que chamamos felicidade.


São Paulo 26 Setembro 2011 11:41h

Ricardo Rossi

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Te criei ao meu prazer ( Ricardo Rossi )

Por te amar te criei ao meu prazer,
E não te via porque te amava, espelhava em ti o que eu queria,
Por te amar contei todas as horas que contigo estava.
Não contei o tempo que sem ti vivia ( não vivia as horas vazias... passavam )
E te amava porque tu me levavas a me amar e sorrir quando eu queria chorar,
E te criei entre águas e ventos e nuvens em um céu cinzento.
Colhi das tuas mãos toda poesia,
Naufraguei em oceano no teu olhar em um mar de silêncio.
Perdi-me para te encontrar... te encontrei para perder-me.
E já não tenho no olhar o brilho que um dia vivi.
Ora sou o eu que desconheço... e a quem não pretendo encontrar,
Sou as lembranças de mim mesmo, sem glórias nem desprezos,
Sou nada em que tudo se fez,
E por nada ser... sou o tudo em um único ser!
E vazio de ti sou eu a metade de mim.
Meu olhar se perdeu de ti... tua voz é silêncio,
Teu gesto é saudade, teu nome é lembrança... esqueci-me de ti...
Lembrei-me de ti... perdi-me de mim.
E a vida segue ao seu viver,
Sem mais dores de amar... porque um dia te amei!

São Paulo 26/08/2011 11:02h

Ricardo Rossi

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

ESTÁTUA ( Ricardo Rossi )

Vens em mim agora como sempre...
exististes em mim como eterna!
Porque não existes... te criei em meus sonhos,
não ouço o som de tua fala porque me fiz surdo.
E teus gestos não vejo porque me fiz cego.
Perdi o nome que te emoldurava... minha voz se fez muda.
Petrifiquei-me... e no íntimo... meu coração chora.
Não te procuro, porque rasguei meus mapas,
quebrei minha bússola... não sei o norte!
Em meus dias coleto as lembranças (belas e tristes),
recolho-as como quem colhe o que da terra nasce.
Em minhas noites vens aos meus sonhos,
nada me dizes porque sou surdo de tua voz.
Teu silêncio me acompanha, no sonho da noite... na luz do dia.
E já não digo em sussurro íntimo o teu nome... estou mudo.
E te vejo como flor (em fotografia)... colhida por outras mãos.
Mas te eternizei, e te deixarei para sempre diante de meu sentir...
agora és uma estátua!

S.Caetano do Sul 22/08/2011 09:52 h


Ricardo Rossi

domingo, 21 de agosto de 2011

Queria cantar as árvores ( RICARDO ROSSI )

Ah ! as árvores... queria cantar as árvores,
e suas folhas farfalhando na brisa,
e suas flores colorindo primas-vera,
e seus frutos dando sabores e aromas.
Queria cantar a natureza das coisas,
que fazem a natureza com simples naturalidade.
Mas não o sei... não posso...
Estou tão dentro das minhas próprias entranhas,
por ser talvez egoísta dos meus próprios pensamentos,
me escravizo ao meu eu, carregando-me nas costas,
vejo a natureza com olhar de quem não enxerga,
vejo as coisas que existem com o sentido de quem não sente.
Tudo o que me cerca neste mundo natural, apenas me cerca,
nada vejo e nada sinto, nada ultrapassa ao limite do meu eu.
É mesquinho este meu viver... apenas dentro do eu,
no entanto não me conheço... penso no que sou e me engano,
Surpreendo-me vendo-me e não me sabendo,
sou o meu estranho dentro do eu, e tudo existe fora de mim.
Mas meu sentir não sente, e o tempo passa...
Ah ! as árvores... queria cantar as árvores!


S. Caetano do Sul 21/08/2011 18:18 h


Ricardo Rossi

domingo, 14 de agosto de 2011

Assim como as flores um dia se despertam nos vasos das salas em silêncio ( RICARDO ROSSI )

Quando abri meus olhos nesta manhã,
eu não pensava em nada...
não desejava nada e um nada se fez em mim.
Meus sonhos da noite já quase perdidos,
boiaram em fragmentos de minha memória,
os sonhos que vivo em sono,
refletem eus que me abandonam ao despertar,
mas são tristes assim como minha própria existência,
ser triste não é um castigo, é um jeito de ser,
assim como ser contente é o jeito de ser de outros.
Um vaso de flores sobre a mesa da sala mergulhada em silêncio... é triste.
As mesmas flores nos jardins ainda não colhidas são felizes,
são contentes de serem flores nos jardins,
e desconhecem as tesouras que as transformaram em tristes flores nos vasos das salas em silêncio.
São flores felizes por desconhecerem as salas, os vasos e o silêncio.
Assim como as flores um dia se despertam nos vasos das salas em silêncio.
Desperto eu em meu olhar matinal que enxerga o teto branco!

S. Caetano do Sul 14/08/2011 09:20 h

Ricardo Rossi

sábado, 13 de agosto de 2011

UM MOTIVO ( RICARDO ROSSI )

As vezes, as palavras fervem em minha boca,
mas gelam em meu coração,
e sufocam-se na minha alma.
As vezes, há mais luz em meu olhar que no sol do meio-dia,
mas apaga-se em meu ver,
e torna breu o meu pensar.
As vezes, me amo e admiro,
mas me encontro e fico triste,
a saber que em quem penso ser, não existe.
Não trago flores em minhas mãos,
nem é firme meu caminhar,
e perdido em minhas palavras, tento eu me explicar.
As horas andam comigo,
e não tenho eu mais amigos.
e mergulho no silêncio de mim, a buscar no que ainda pulsa,
um motivo... só um motivo e nada mais.

S. Caetano do Sul 13/08/2011 20:39h

Ricardo Rossi

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O Passado é o Presente na Lembrança ( Fernando Pessoa )

Se recordo quem fui, outrem me vejo,
E o passado é o presente na lembrança.
Quem fui é alguém que amo
Porém somente em sonho.
E a saudade que me aflige a mente
Não é de mim nem do passado visto,
Senão de quem habito
Por trás dos olhos cegos.
Nada, senão o instante, me conhece.
Minha mesma lembrança é nada, e sinto
Que quem sou e quem fui
São sonhos diferentes.

Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa

terça-feira, 9 de agosto de 2011

As vezes me perco ( RICARDO ROSSI )

As vezes me perco em meu próprio sentir,
E busco encontrar-me tal como me perdi,
Mas sei impossível reencontrar-me como antes
Meu coração muda em seu sentir, e meus olhos mudam em seu olhar.
Quando mais alem me encontro... não mais conheço-me.
Estranho em meu ser, sou o eu de agora,
E no depois mais estranho estarei em mim.
Assim sigo ao adiante que vem em meu caminho.
Sem saber o quanto amarei ao que no futuro me fará em EU.
O que importa... ao futuro se reserva o que hoje nos é desconhecido.
É como abrir uma cortina que nunca antes,
É como caminhar por um caminho que nunca antes,
É como aprender palavras e sentimentos que nunca antes...
Assim serei no eu que ainda não conheço... meu intimo desconhecido!

S.C.do Sul 09/08/2011 17:54h
Ricardo Rossi

Quando eu não te tinha... (FERNANDO PESSOA)

Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo...
Agora Amo a Natureza como um monge calmo a Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima...
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até a beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor — Tu não me tiraste a Natureza...
Tu mudaste a Natureza...
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim.
Por tu existires, vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e para te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as coisas.
Não me arrependo do que fui outrora
Por que ainda o sou.


(Alberto Caeiro) ( Fernando Pessoa )




sábado, 25 de junho de 2011

O medo que sinto de mim mesmo ( Ricardo Rossi )

Não gosto de não gostar das coisas,
quando não gosto de alguém a quem conheço neste instante,
é porque amarei este alguém, em um futuro que não conheço.
Ter valores pré-determinado na vida, é algo estranho.
Como saber as coisas sem se expor a elas?
Não gostar das coisas é o modo que usamos a nos proteger,
é triste gostar das coisas que não mais estão ao alcance das mãos,
assim como é triste gostar de pessoas que não estão mais ao alcance da nossa voz,
a voz se perde no vazio a frente, e lembranças tristes ou belas nos visitam a memória.
Quando não gosto das coisas é por pura covardia de minha parte!
É a defesa imediata que me permite não sentir falta do que eu gosto, ou de quem amo.
meu escudo de não gostar de nada... é o medo que sinto de mim mesmo.

São Caetano do sul 25/06/2011 20:03h
Ricardo Rossi

sábado, 23 de abril de 2011

TIC-TAC ( RICARDO ROSSI )

O amor e a razão, tem caminhos diferentes dentro do ser que chamo EU.
As vezes noto que falta tempo para mim mesmo,
Me esqueço porque tenho ocupações maiores!
Quando ao espelho me vejo, me espanto com o reencontro inesperado
do Eu comigo.
As vezes fico oco sem razão intima que moveria meu olhar para a vida.
E a vida passa por mim sem se importar com o vazio que me permito,
O tic-tac do relógio não para, o pulsar do coração não para, nem o sol para o seu caminho.
O tempo passa... o que perdemos ficou preso na historia do passado,
Não há motivo para chorarmos o passado, tornou-se apenas historia,
Historia que contamos a nós mesmos nas madrugadas insone.
Rever o passado é assistir ao um filme mudo em preto e branco,
Não mudam as cenas... transcorrem como sempre foram.
Esqueci de fazer esperanças ao futuro... aguardo apenas o TIC ou o TAC do próximo instante!


Ricardo Rossi S.C. do Sul 23 abril 2011 11:59h

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O TANGO E A VIDA

Por Una Cabeza


( Alfredo Le Pera)

Por una cabeza
de un noble potrillo
que justo en la raya
afloja al llegar,
y que al regresar
parece decir:
No olvidéis, hermano,
vos sabés, no hay que jugar.
Por una cabeza,
metejón de un día
de aquella coqueta
y risueña mujer,
que al jurar sonriendo
el amor que está mintiendo,
quema en una hoguera
todo mi querer.


Por una cabeza,
todas las locuras.
Su boca que besa,
borra la tristeza,
calma la amargura.
Por una cabeza,
si ella me olvida
qué importa perderme
mil veces la vida,
para qué vivir.

Cuántos desengaños,
por una cabeza.
Yo jugué mil veces,
no vuelvo a insistir.
Pero si un mirar
me hiere al pasar,
sus labios de fuego
otra vez quiero besar.
Basta de carreras,
se acabó la timba.
¡Un final reñido
ya no vuelvo a ver!
Pero si algún pingo
llega a ser fija el domingo.




Por Uma Cabeça


Por uma cabeça
De um nobre potro
Que justo na raia
Afrouxa ao chegar,
E que ao regressar
Parece dizer:
Não esqueças, irmão,
Você sabe, não há que jogar.
Por uma cabeça,
Paquera de um dia
Daquela fútil
E falsa mulher
Que, ao jurar sorrindo,
O amor que está mentindo
Queime em uma fogueira
Todo o meu querer.


Por uma cabeça,
Todas as loucuras.
Sua boca que beija,
Apaga a tristeza,
Acalma a amargura.
Por uma cabeça,
Se ela me esquece,
Que me importa perder
Mil vezes a vida,
Para que viver?

Quantos desenganos,
Por uma cabeça.
Eu joguei mil vezes,
Não volto a insistir.
Mas se um olhar
Me atinge ao passar,
Seus lábios de fogo
Outra vez quero beijar.
Chega de corridas,
acabou o tesão.
Um final renhido
Já não volto a ver!
Mas se algum matungo
É barbada para o domingo
Jogo tudo que tenho.
Que vou fazer...!

www.youtube.com/watch?v=SJ1aTPM-dyE&feature=related

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

UM DIA PARAMOS DE CORRER ( RICARDO ROSSI )

UM DIA PARAMOS DE CORRER.
AÍ NOTAMOS QUE CORRER NÃO NOS FAZ CHEGAR PRIMEIRO,
NOTAMOS QUE CORRER NOS CANSA, E QUE NÃO CHEGAMOS ANTES,
TUDO TEM SEU TEMPO CERTO.
CORRER NÃO ECONOMIZA TEMPO, NEM O PERDE,
APENAS NOS CANSA, E NÃO NOS PERMITE VER OS DETALHES DAS COISAS,
PASSAMOS TÃO RÁPIDO PELAS COISAS QUE NÃO AS VEMOS.
UM DIA PARAMOS DE CORRER E APRENDEMOS A VER AS COISAS,
APRENDEMOS DEVAGAR A CONHECER NOSSOS SENTIMENTOS,
E BEM DEVAGAR APRENDEMOS A CONHECER E RESPEITAR OS SENTIMENTOS DOS OUTROS.
QUANDO APRENDEMOS A NÃO CORRER, NÃO CHEGAMOS ANTES AO NOSSO DESTINO,
MAS CHEGAMOS AO NOSSO DESTINO COM MAIS CONHECIMENTO, CONHECENDO NOSSO CAMINHO.
SEM CORRER PODEMOS VER QUE O TEMPO PASSA EM IGUAL PROPORÇÃO, POREM PODEMOS SENTIR A REAL DIMENSÃO DO TEMPO.
PODEMOS BEM DEVAGAR DEGUSTAR OS SEGUNDOS AS HORAS DIAS SEMANAS... A VIDA!
E BEM DEVAGAR TERMOS CONSCIÊNCIA DE QUE A VIDA É APENAS UM TEMPO, E QUE SERMOS FELIZES OU INFELIZES DEPENDERÁ DO QUE FIZEMOS COM O NOSSO TEMPO.
APRENDI A NÃO CORRER, APRENDI A BEM DEVAGAR VER O QUE ME CERCA VER O CÉU O MAR AS MONTANHAS E A HUMANIDADE, CONHECENDO O QUE HÁ DE BELO E O QUE NÃO HÁ DE BELO EM TUDO O QUE ME CERCA.
NOSSAS VIDAS É UM PUNHADO DE TEMPO QUE GANHAMOS AO NASCERMOS, E ESTE PUNHADO DE TEMPO VAI SE SUBTRAINDO SEGUNDO A SEGUNDO. O QUE FIZERMOS COM ESTE PUNHADO DE TEMPO QUE NOS PERTENCE, É O QUE FARÁ DE NOSSAS VIDAS ALGO DE VERDADEIRA VALIDADE OU DESPERDÍCIO DO TEMPO.
VIVER COM PLENITUDE É A ATITUDE DE GASTARMOS NOSSO PUNHADO DE TEMPO EM REALIZAÇÕES QUE NOS FAÇAM MELHOR AOS NOSSOS PRÓPRIOS OLHOS.
ENTÃO COM CALMA E BEM DEVAGAR GASTAREI O QUE ME RESTA DO PUNHADO DE TEMPO QUE TENHO.
VENDO AS COISAS BEM DEVAGAR TENTANDO ENTENDER O QUE EXISTE NAS COISAS... A SUA ESSÊNCIA, VIVENDO DO MEU PUNHADO, COM CALMA... BEM DEVAGARZINHO, DEGUSTANDO O MEU PUNHADO DE TEMPO, BEM VAGAROSAMENTE!


S. CAETANO DO SUL 25/02/2011


RICARDO ROSSI 

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Como quem nasceu agora! ( RICARDO ROSSI )

Deixa me que durma sem sonhos...
Nem suspiros de uma noite em anseios,
despido da minha própria pele desejo estar.
Deixa me que durma...
Sem pecados de antes,
sem remorsos de agora,
nem desejos de depois.
Deixa me que durma...
Sem apegos do tempo,
nem esperanças de amanhãs.
Deixa me que durma!!
Não acorde me... deixa me que durma!!
Como se puro fosse meu coração,
Como se justa fosse minha alma,
Como se límpida fosse a fonte de minha vida.
Deixa me que durma sem amores,
Sem desejos guardados...
nem dores, sem os medos que aprendi a ter.
Deixa me que durma , como quem nasceu agora!



São Caetano 31/01/2011 21:36h

Ricardo Rossi