quinta-feira, 31 de maio de 2012


Ser contente é um jeito de ser  ( RICARDO ROSSI )



Quando a noite chega, não sou mais triste do que fui ao dia,
nem mais contente do que fui ao amanhecer , sou o que sou,
sem dar-me conta de mim, amanheço eu,  sendo eu ao meio dia,

e sou eu quem sonha os meus sonhos.
No entanto desconheço o meu sentir,

os sentidos estão pregados em mim, e dão asas aos pensamentos,

pensar é fugir do eu e se refugiar a um outro eu mais perfeito,
prefiro ao que penso de mim, ao eu que conheço.

O mundo a roda de mim me faz, mesmo quando contra minha vontade,

meus pensamentos fazem o mundo a minha roda, e sou mais contente.

Ser feliz é um instante... ser contente é um jeito de ser,
se é contente mesmo quando se é triste,

o ser é intimo, não se revela do lado de fora.
Olhar ao relógio e seguir ponteiros é perder-se do tempo,

o tempo vale ao sentido do tempo, não ao rodar ponteiros.
Vem o dia e breve vem a noite e os sonhos que sonhamos e perdemos pela manhã.

Ser feliz é guardar pelas manhãs os sonhos e a noite dormir abraçado com eles.
ser contente é um jeito de ser!



S.C. do Sul   31/05/2012    18:29h



Ricardo Rossi

sexta-feira, 25 de maio de 2012


Na garrafa   ( RICARDO ROSSI )



Queria escrever como quem confessa um pecado,
sem padre que me ouça, nem penitencias de rezas que não sei,
apenas desamarrando do meu ser o que de peso levo sem sentir,

pois pecados são naturais como as arvores que brotam do chão,
pecar a todos cabem, faço a minha cota sem dar-me conta,

queria escrever como quem peca sem ter medo do juízo que um dia se fará,

ai de mim que um dia verei a face dura do juiz,
e dita as palavras da sentença... que esperança resta?


Queria pecar como quem escreve sem esperança,
uma carta na garrafa que vaga no mar,

sem destino ou descanso... ao sabor de sal das ondas,

deixo nas palavras uma cota de pecados,

uma  carta que vagueia em um mar de pecados,

queria escrever apenas escrever e mais nada,
palavras sem sentido...

sentidos emudecidos...
que vagueiam na garrafa.



S.C. do Sul     25/05/2012   19:51h



Ricardo Rossi

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Que pena tenho dos meus olhos ( RICARDO ROSSI )





Eu confesso que olho muito para as coisas,
mas confesso com certa tristeza que pouco enxergo das coisas.
Olhar a tudo não nos faz melhor,
enxergar o que vemos nos muda,
quando enxergamos ao que vemos fazemos parte do que é visto,
tocar ao que enxergamos, nos liga fisicamente ao ser,
e somos por um instante um único ser.
E no entanto eu apenas olho as coisas,
e fico pobre das coisas por não toca-las,
me basto com o olhar do instante e logo me esqueço,
e tudo ao que vi nada se prendeu ao meu sentir.

Ando pelas ruas das cidades,
vejo asfalto postes iluminados automóveis apressados
gente que passa gente que caminha ao meu lado
arvores no caminho, gente no caminho,
caminhos sem destino,
destinos desencontrados.

E eu no centro de tudo não enxergando nada.
Que pena tenho dos meus olhos!


S.C. do Sul    23/05/2012     18:29h


Ricardo Rossi



domingo, 20 de maio de 2012


Eu me lembro que te amo ( RICARDO ROSSI)



Estou sem argumento comigo mesmo,
mas não me questionei em nada...
estou internamente mudo.

Vejo o tempo... ele passa e não me importo.

não me importo, quero crer que não me importo...



Um dia eu disse... te amo,
eu poderia dizer muitas vezes... te amo!
e meu amar seria vulgar... por tanto dizer... te amo!

então as vezes digo baixinho,

só para meu coração lembrar... te amo.

Meu amar é vulgar nas esquinas... mas te amo.

Meu amor é à toa, mesmo assim... te amo.

Te amo de madrugada em silêncio,

em sonhos e pensamentos,

nas viagens pelas estradas.

E quando estou quieto, tão quieto...  

eu me lembro que... te amo.



S.C. do sul    20/05/2012    14:54h



Ricardo Rossi

Viagem  ( RICARDO ROSSI)



A vida é uma viagem

onde temos a passagem

só de ida... não ha volta.
Por isto precisamos ter calma,
ver o desenrolar da vida
como em um filme onde somos o personagem de nós mesmos,

interpretar  a si próprio é o segredo,

não importa o enredo,
temos que viver a nossa história.



S.C.Do Sul   20/05/ 2012                 11:13h



Ricardo Rossi

quinta-feira, 17 de maio de 2012


O brilho dos olhos ( RICARDO ROSSI )



Esqueci o teu nome,
não sei como te chamas...
não sei te chamar agora,
esqueci o teu nome.
Esqueci o meu nome,
não sei como me chamo...
nem sei chamar-me agora.
Só sei que a felicidade

não é o sorrir dos lábios,

mas o brilho dos olhos.



S. C. do Sul       17/05/2012 19:09h



Ricardo Rossi

sábado, 12 de maio de 2012


no entanto o que sei da vida?  ( RICARDO ROSSI)


no entanto o que sei da vida?
vivo o que em cada dia me vem de encontro...
não contesto o que recebo ,
de bom ou mau grado... recebo o que me vem.
o dia passa sobre meu ser e aguardo no sonho ser o que quero,

mas o sonho não me basta ou contenta,

ele se basta como sonho em sua própria vontade.

acordo e continuo em sonho a receber o que me dá a vida,
minha aflição se retém em meu olhar,

mas meu olhar não se espanta, vê apenas.

se a cada dia eu bebesse da fonte da sabedoria, seria um sábio.
o que sei agora me basta,

estou repleto de saberes e sei que de nada vale.

ter consciência do inútil é de grande utilidade,
e no entanto o que sei da vida?



S.C. do Sul    12/05/2012    11:17h



Ricardo Rossi

sábado, 5 de maio de 2012


Olhando devagar ( RICARDO ROSSI )



olhando devagar a profundidade do abismo... me vejo,
não sinto pena, nem outros sentimentos me afetam neste instante.
vejo o vulto que sei ser meu dentro do abismo, sei que ele se move.
ligo-me a ele através de um pensamento, eu o sinto... ele me sente,
estamos ligados ao sentido comum que nos mantém vivos.
dou a ele três goles  de café e algumas baforadas de tabaco em brasa.
ele se mantém e me mantém desperto,  mas como em um sonho acordado.
a paisagem que nos rodeia é a mesma que sempre foi, mas envolta de novos sentimentos.
ele desconhece o que sente... e eu sinto o que ele desconhece.
nos completamos e somos o mesmo, embora ele no abismo, e eu que o contemplo.
seus gestos de agora me levam a outros pensamento,
e me esqueço do ser que no abismo vive... ele se cala abandonado de mim,
mas aguarda pois o retorno sempre existe.
não toco-lhe as mãos... nunca lhe toquei  as mãos, apenas nosso olhar enxerga,
nos vemos qual o olhar de dois cegos.
nossos passos são os mesmos dentro dos mesmos sapatos.
e somos os dois em um só ser que habitamos,
um no abismo e o outro que contempla.



S.C. do Sul   05 de maio de 2012  09:34h



Ricardo rossi