Eu confesso que olho muito para as coisas,
mas confesso com certa tristeza que pouco enxergo das coisas.
Olhar a tudo não nos faz melhor,
enxergar o que vemos nos muda,
quando enxergamos ao que vemos fazemos parte do que é visto,
tocar ao que enxergamos, nos liga fisicamente ao ser,
e somos por um instante um único ser.
E no entanto eu apenas olho as coisas,
e fico pobre das coisas por não toca-las,
me basto com o olhar do instante e logo me esqueço,
e tudo ao que vi nada se prendeu ao meu sentir.
Ando pelas ruas das cidades,
vejo asfalto postes iluminados automóveis apressados
gente que passa gente que caminha ao meu lado
arvores no caminho, gente no caminho,
caminhos sem destino,
destinos desencontrados.
E eu no centro de tudo não enxergando nada.
Que pena tenho dos meus olhos!
S.C. do Sul 23/05/2012 18:29h
Ricardo Rossi
Bonito, embora triste.
ResponderExcluirLembrou-me esse poema que li ontem:
Nostalgia
Nostalgia é melodia
só de quem tem sentimento.
Nostalgia é agonia,
é dor, solidão, lamentos...
Nostalgia asfixia,
toda vida desordena.
Nostalgia é poesia
Saída da minha pena.
Suely Ribella