sexta-feira, 25 de maio de 2012


Na garrafa   ( RICARDO ROSSI )



Queria escrever como quem confessa um pecado,
sem padre que me ouça, nem penitencias de rezas que não sei,
apenas desamarrando do meu ser o que de peso levo sem sentir,

pois pecados são naturais como as arvores que brotam do chão,
pecar a todos cabem, faço a minha cota sem dar-me conta,

queria escrever como quem peca sem ter medo do juízo que um dia se fará,

ai de mim que um dia verei a face dura do juiz,
e dita as palavras da sentença... que esperança resta?


Queria pecar como quem escreve sem esperança,
uma carta na garrafa que vaga no mar,

sem destino ou descanso... ao sabor de sal das ondas,

deixo nas palavras uma cota de pecados,

uma  carta que vagueia em um mar de pecados,

queria escrever apenas escrever e mais nada,
palavras sem sentido...

sentidos emudecidos...
que vagueiam na garrafa.



S.C. do Sul     25/05/2012   19:51h



Ricardo Rossi

Um comentário:

  1. "...Queria pecar como quem escreve sem esperança,
    uma carta na garrafa que vaga no mar,
    sem destino ou descanso... ao sabor de sal das ondas..."

    Palavras escritas, soltas na vida, levadas ao léo, em completo desalento, são justamente as que carregam as maiores verdades pelo simples fato de estarem livres de julgamentos.

    ResponderExcluir