terça-feira, 10 de abril de 2012


Coisas do Mundo, Minha Nêga ( Paulinho da viola )


Hoje eu vim, minha nega como veio quando posso

Na boca as mesmas palavras, no peito o mesmo remorso

Nas mãos a mesma viola onde gravei o teu nome

Venho do samba há tempo, nega, vim parando por aí

Primeiro achei Zé Fuleiro que me falou de doença

Que a sorte nunca lhe chega, está sem amor e sem dinheiro

Perguntou se eu não dispunha de algum que pudesse dar

Puxei então da viola, cantei um samba pra ele

Foi um samba sincopado que zombou do seu azar

Hoje eu vim, minha nega, andar contigo no espaço

Tentar fazer em seus braços um samba puro de amor

Sem melodia ou palavra pra não perder o valor

Depois encontrei seu Bento, nega, que bebeu a noite inteira

Estirou-se na calçada sem ter vontade qualquer

Esqueceu do compromisso que assumiu com a mulher

Não chegar de madrugada, e não beber mais cachaça

Ela fez até promessa, pagou e se arrependeu

Cantei um samba pra ele, que sorriu e adormeceu

Hoje eu vim, minha nega, querendo aquele sorriso

Que tu entregas pro céu quando te aperto em meus braço

Guarda bem minha viola, meu amor e meu cansaço

Por fim eu achei um corpo, nega, iluminado ao redo
Disseram que foi bobagem, um queria ser melhor
Não foi amor nem dinheiro a causa da discussão
Foi apenas um pandeiro que depois ficou no chão

Não tirei minha viola, parei, olhei e vim-me embora
Ninguém compreenderia um samba naquela hora
Hoje eu vim, minha nega, sem saber nada da vida
Querendo aprender contigo a forma de se viver
As coisas estão no mundo só que eu preciso aprender.

Um comentário:

  1. Paulinho canta essa melodia, com harmonia, com alegria e como sempre, com pura simpatia.
    Tomei a liberdade de trazer esse vídeo, que mesmo antigo, é muito válido.
    http://www.youtube.com/watch?v=V60YWH8ZelA

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