domingo, 12 de setembro de 2010

Horizonte que um muro esconde ( Ricardo Rossi )

Quando o tempo de mim se despedir,
morrerão as minhas lembranças que viveram em meu sentir,
as historias de que vivi ficarão
perdidas nos papeis que voam...
Pássaros de letras e de frases imperfeita
voando sem saber para onde ir.
No meu olhar levo apenas
o que a alma é essência,
Sem sonhos de amanhãs
nem manhãs de aurora clara,
nem poente das vivas cores,
nem outros sonhos de amores...
Sem vontade de nada.
Já não as tenho... Vontades presentes.
Meus dias passam numa procissão solene,
deixando atrás de mim o acumulo das horas.
Meus sonhos são diáfanos como a brisa matinal,
não posso guardá-los em meus bolsos.
Aos sonhos, nada importa,
desfazem-se no olhar que acorda.
Outras auroras viram quando eu não for presente,
as auroras sempre estarão comigo,
onde estiver minha alma a contemplar outros poentes.
O meu olhar que agora pela janela olha,
não vê horizontes, enxerga o muro a minha frente.
Mas enxergo no muro o horizonte que se esconde,
enxergar através do muro é meu segredo!
Agora sinto saudades de lugares que não conheço,
a saudade de agora é o meu pensar a frente,
diante do muro que omite o horizonte.
Algumas horas passam e outras horas se acomodam.
E meu sentir sente a falta de um olhar que perdi
e de mim já se faz longe... e agora já é nada.
O desejo que me faz vivo, é uma brisa fresca ao pé da montanha.
Meu pensar nada pesa, e de mim já não discorda.
Fico na paz de mim, a contemplar o horizonte que um muro esconde!...


S.André 12/09/2010 14:01h

Ricardo Rossi

Um comentário:

  1. Bonito poema, bonito mesmo.
    Que "o muro que esconde o horizonte" force seu olhar para mais longe desse céu e lhe mostre auroras magníficas e poentes incandescentes.

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