sexta-feira, 30 de julho de 2010

Navio à deriva

Sou um navio à deriva
no oceano de mim mesmo.
E sou eu que em mim habita.
Sou eu que em mim se agita,
e conflita como tudo
que em mim sente.
São meus os sentidos tristes
e contentes.
Desordem em ordem de mim
se faz presente.
E já não faço sonhos.
Meu tempo não vai
alem do horizonte
que em meu olhar sente.
E não tenho medo do futuro,
e não guardo tristezas do passado,
minhas dores estão presentes,
e não beijo a boca do presente.
Me deixo leve,
e de mim ausente
sem nada querer.
E se cumpro os ritos
de meu corpo vivo,
é porque nele ainda habito.
Não tive sonhos nesta noite.
Meus olhos despertaram
antes que meu coração,
e fitaram o teto do quarto
da casa que não é minha.
E nada tenho de meu...nem esperança.
E as lembranças vieram
bailar em minha memória,
e dançaram os fantasmas vivos
da minha história.
E do meu olhar não brotou a nascente
da água salobra,
nem chorou minha alma.
E no teto do quarto
da casa que não é minha,
não vi minhas tristezas.
As horas seguiram
indecentes...impiedosas...
Seguiram de encontro ao poente,
poente onde minha alma mora !

São Vicente
02/09/06 – 09:09h
Ricardo Rossi

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