sexta-feira, 6 de agosto de 2010

CALADO ( Ricardo Rossi )

Estou doente, há muito tempo doente...
E cura não se vê, ficarei para sempre doente.
A casa em que nasci desabou , virou um edifício,
como uma lapide gigante ... aqui um dia nasceu!
Meus males me acompanham, e por ter a tanto comigo,
amigos meus são pelas entranhas.
As flores do jardim que um dia despertou meu olhar,
morreram, não de saudade que as flores não sentem,
morreram, velhas.
Já não vejo o jardim que despertou meu olhar,
busco outras flores, mas elas estão sem brilho.
Meu olhar já não desperta , apenas vê.
E meus sentidos os guardo na gaveta.
Meus sentidos me importunam, não penso com clareza.
Minha gaveta esta cheia, preciso de gavetas...
Muitas gavetas para guardar sentidos, onde eu os tranque
engavetados e deixe meus sentimentos ali esquecidos.
Visto a limpa camisa e penteio o cabelo,
me ajeito em meu jeito e saio.
Na porta de entrada, por onde saio, encontro meu passado,
que segue comigo no presente.
Me ajeito de meu jeito, e sigo eu comigo,
simplesmente... calado.

S. Paulo 06/08/2010

Ricardo Rossi

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