domingo, 1 de agosto de 2010

CONTRADITÓRIO

I
Eu não quero a palavra sonada.
Quero ouvir tudo que foi calado no silêncio.
Não quero o tempo...
Quero o que ficou imobilizado intacto inerte.
Quero o inacessível,o impossível eu quero.
Não ao gesto, não ao presto, mas o incerto.
Antes quero tudo o que não quero.
Quero o contraditório, o avesso e o indizível.
O que dói eu quero, o que corróe.
O que descria, e o que não foi criado.
O que não veio, quero o inexistente.
Quero o frio quente e o quente gelado.
Não quero o que foi dado.
Quero o negado, quero o omitido.
E tudo que for nada.
Quero da vida a morte e da morte tudo que é vida!

II

Quero tudo que foi errado no certo,
e o certo quero quando for errado.
Quero ainda mais...
Quero tudo o que não posso.
Quero o silêncio do grito e o grito calado.
Quero a noite do meio dia e na escuridão o sol que brilha.
Quero o santo pecador e o pecado santificado.
Quero me saciar de fome e ter fome quando saciado.
Quero do amor o ódio e do ódio o que for amado.
E assim tudo querendo...
anseio querer nada!


São Vicente
14/01/06 – 23h22 min
Ricardo Rossi

Nenhum comentário:

Postar um comentário